SUZANA: Ela só tinha fé

 

    Assim eu vejo a vida
    A vida tem duas faces:
    Positiva e negativa
    O passado foi duro
    mas deixou o seu legado
    Saber viver é a grande sabedoria
    Que eu possa dignificar
    Minha condição de mulher,
    Aceitar suas limitações
    E me fazer pedra de segurança
    dos valores que vão desmoronando.

    Nasci em tempos rudes
    Aceitei contradições
    lutas e pedras
    como lições de vida
    e delas me sirvo
    Aprendi a viver.

 

    Cora Coralina, Positividade.

 

Suzana na Academia Templo Fit. Tiradentes. Fotografia: Luiz Cruz.

Suzana Cristiane Gonçalves Feitosa nasceu em 1992. É uma pessoa de sorriso espontâneo e luminoso. A vi pela primeira vez andando de bicicleta e carregando um menino.

Hoje, Suzana frequenta a academia, anda de bicicleta pela cidade toda, caminha, cuida da casa e quando pode vai assistir as missas e rezar para agradecer a Deus pela vida. É devota incondicional de Nossa Senhora Aparecida. Sente-se segura e está feliz.

Na tarde de domingo, no dia 31 de março de 2019, Suzana tinha se organizado para assistir a Santa Missa em Tiradentes. Ia de moto, ao passar por Santa Cruz de Minas, surgiu um carro na contramão e ocorreu uma colisão frontal. O motorista estava embriagado.

Suzana foi socorrida pelas pessoas que se aglomeraram ao seu entorno. Sentia uma dor profunda, mas esteve consciente o tempo todo. Ligou para o pai para comunicar o acidente e disse que achava que tinha algo errado com sua perna esquerda. Ela foi conduzida para o Hospital Nossa Senhora das Mercês, em São João del-Rei. Lúcida, acompanhou a discussão sobre sua situação, seria levada para a sala de cirurgia e logo amputariam sua perna. Uma jovem, mãe de Miguel Feitosa dos Santos, com apenas 1 ano e quatro meses, ainda amamentando, seria amputada. Os médicos optaram por tratar da perna. Passaram 24 dias consecutivos na tentativa de recuperar a perna. Realizaram cirurgias. Veio o quadro de infecção e tiveram que tratar com muito mais atenção. Dores. Ela sentia dores fortes. Sentia um sofrimento profundo. Tinha medo em perder a perna, queria que tudo fosse recuperado.

Rezou intensamente. Clamou por Nossa Senhora Aparecida, sua protetora. Fez promessa. Rezou. Invocou por Nhá Chica e fez promessa. Entregou sua vida nas mãos de Deus.

Contou com a atenção do médico Dr. João Ricardo, que a orientou sobre a gravidade da infecção. Era preciso atacar a infecção para salvar a perna, mas que haveria solução. Suzana ressalta a atenção e a humanidade deste médico, tão importantes durante sua hospitalização. Era preciso ter fé. 

No dia seguinte, 24 de abril, conversaram, a infecção estava grave, agora era a sua perna ou a sua vida. Mais uma cirurgia, entre às 18 e 24h, executaram a amputação de sua perna.

Jamais tinha se imaginado amputada, sem uma das pernas. Os familiares ficaram assustados, Suzana se firmou e disse a eles que estava bem, seria uma nova fase da vida. Transmitiu segurança a todos.

 

 

Suzana na Academia Templo Fit. Tiradentes. Fotografia: Luiz Cruz.

Contraiu uma bactéria e teve que ficar no isolamento, foram mais 43 dias hospitalizados. Deixou o hospital na véspera do Dia das Mães.

Mãe, jovem, frequentadora de academia, cheia de planos de vida. E agora? Como viver sem uma perna. O pai estava preocupado, porque não dispunha de recursos suficientes para comprar uma prótese. Os amigos se mobilizaram, fizeram campanhas para levantar o dinheiro e adquirir a prótese. Promoveram bingo, feijoada e um torneio de futebol – contou com o apoio de diversas pessoas de Tiradentes e da região. Esteve em Belo Horizonte algumas vezes para tratar da prótese e quando ficou pronta, lá passou uma semana inteira, para aprender a andar e ganhar autonomia. Começou a andar de muleta em casa, depois na rua. No Domingo do Jubileu da Santíssima Trindade, saiu a caminhar entre os milhares de romeiros. Aos poucos, se firmou. Fez pilates e logo voltou para a academia. Passou a observar mais os amputados, em especial os ciclistas. Decidiu a aprender novamente a andar de bicicleta. Tudo que queria era recuperar sua vida normal, cotidiana.

 

                              

Suzana, na Academia Templo Fit, com os monitores Roberto e Everton.

Tiradentes. Fotografia: Luiz Cruz.

Casou-se e ficou grávida das gêmeas Helena e Antonella. No período de gestação, a barriga ficou enorme e ganhou peso; por isso, a prótese não servia mais. Comprar outra seria impossível. Então, optou por usar a muleta durante o período da gravidez e o puerpério até conseguir ajustar o corpo à prótese, feita antes dessa maternidade. Superou tudo!

Assim que foi possível, viajou, visitou Aparecida-SP e esteve no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida para agradecer por sua recuperação e o milagre recebido, sua vida salva.

Agora, Suzana com sua fé e sua resiliência, nos inspira, nos motiva. É nossa companheira da Academia Templo Fit, lá ela se realiza ao fazer uma das coisas que mais gosta, cuidar do seu corpo e da sua alma.

Está feliz, conta sempre com o apoio dos familiares e dos amigos. Ama o filho Miguel, ama as filhas gêmeas Helena e Antonella. Leva uma vida absolutamente normal, cuida de tudo da casa, circula de bicicleta e está na academia. Adora tatuagem, nas costas tatuou a seguinte frase: “Ela só tinha fé”. Com fé se move montanhas, com muita fé se move montanhas e céus.

 

Luiz Antonio da Cruz

 

Atenção: Se beber, não dirija! Se for dirigir, não beba! Seja um motorista defensivo. O álcool associado ao volante pode causar acidentes fatais, pode provocar acidentados e gerar muito sofrimento.  Entre janeiro e novembro de 2024, foram 3.507 acidentes relacionados à embriaguez, o que representa um aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2023.