O GESTO SINEIRO – PAISAGEM SONORA - https://www.youtube.com/shorts/2HZ5RFXn1Jk - 


Este é um trabalho de GABRIEL LEITE. Conversamos muito sobre a arte dos campanários, trocamos mensagens, travamos diálogos sobre editais e projetos. Até que chegou o primeiro produto, esse vídeo que nos emociona. Antes de tratar do vídeo, claro, o leitor também já deve pensar logo, quem é esse autor? –  Gabriel nasceu em São Paulo, onde viveu, até que veio morar em Tiradentes. Seu avô era o Sr. Luiz Leite, casado com Dona Tereza Ramalho Nascimento – que viviam aqui no nosso bairro Cascalho. Gabriel cresceu em Tiradentes, estudou nas escolas “Marília de Dirceu” e na “Basílio da Gama”. Depois, ganhou o Brasil, foi estudar na Panarericana Escola de Arte e Design de São Paulo e circulou intensamente entre SP e RJ.  Descobriu a gravura em metal e acabou por frequentar o Ingá, em Niterói e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. Mergulhou profundamente no universo das artes gráficas e desde o início passou a formar sua própria oficina, onde foi descobrindo mais segredos dessa arte que despontou no século XV e no XVII já se encontrava no auge da maturidade e do domínio técnico. Gabriel é um gravador, mas também músico, editor, encadernador e produtor de capas de discos. Enfim, é um artista completo que reflete exatamente a complexidade que a arte contemporânea requer. Teve como inspiração Fayga Ostrower, uma das grandes damas da gravura brasileira. Dessa artista, pesquisadora e autora magistral, herdou suas preciosas ferramentas. Foi curador de grande mostra dos trabalhos de Ostrower e nessa experiência, obteve mais familiaridade com a vasta produção gravurística. Atualmente, Gabriel vive em nossa querida Tiradentes e aqui produz seu trabalho, a percorrer caminhos diversos das artes – gravura, fotografia, dança, poesia, vídeo, literatura – para construir sua linguagem visual; vale-se desde os recursos das artes gráficas, como o buril, maneira negra, ponta seca, água-tinta, água-forte até a arte digital. Gabriel é na verdade um investigador de possibilidades e com sua lapidada sensibilidade, percorre trilhas até encontrar a solução adequada para se expressar; então, pode ser uma gravura, ou mesmo o desdobramento da sua produção, conforme o vídeo disponibilizado.  Agora, vivendo e com sua oficina implantada na terrinha, pode perceber melhor suas riquezas e fascínios. A arte do campanário, que aqui tem um precioso conjunto de SINOS – todos catalogados, projeto premiado pelo IEDS-Instituto de Estudos do Desenvolvimento Sustentável, no VIII Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio – 2016. Segundo o Papa Francisco, “a catalogação é necessária por razões de serviço à cultura, transparência de gestão e prudência, considerando os milhares de perigos naturais e humanos aos quais esses frágeis tesouros estão expostos”.


Campanário da Matriz de Santo Antônio, Tiradentes. 
Sino de 1747. Fotografia: Luiz Cruz.

 O sino mais antigo do Campo das Vertentes se encontra no campanário da Matriz de Santo Antônio e é datado de 1747. Os sinos do Santuário da Santíssima Trindade e os das capelas de São João Evangelista, de Nossa Senhora das Mercês e de Nossa Senhora do Rosário receberam relevos iconográficos referentes aos oragos; outro grupo conforma um acervo de obras do fundidor José Valentim Onofre, que dotou vários campanários com suas obras, como os de Tiradentes, Ouro Preto, São João del-Rei, Oliveira, Entre Rios de Minas e tantas outras localidades. O sino é elemento que transcende a função da sonoridade, cada um é uma verdadeira obra de arte, que juntamente com os sineiros e os toques, constituem a imaterialidade desse patrimônio. “Toque dos sinos em Minas Gerais” é um patrimônio nacional, consta no “Livro de Registro das Formas de Expressão”, do IPHAN, desde 2009, a partir das referências de São João del-Rei, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas, Diamantina, Sabará, Serro e Tiradentes. Aqui, nessa paisagem arquitetônica tão peculiar se descortina também a paisagem sonora. Esse é um dos temas da produção de GABRIEL LEITE, que agora, por opção, retornou para produzir suas obras. Esse trabalho foi desenvolvido durante a pandemia da Covid-19, através do edital Lei Aldir Blanc, com o apoio da Prefeitura Municipal de Tiradentes/Secretaria Municipal de Cultura.


Detalhe do relevo do sino do Santuário da Santíssima Trindade.
Fotografia: Luiz Cruz.

 

- CRUZ, Luiz Antonio da. e BOAVENTURA, Maria José. Manual de Técnicas de Preservação e Manutenção de Patrimônio. Tiradentes: IHGT, 2016.

- www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-05/papa-francisco-congresso-administracao-patrimonio-vida- consagrad.html?fbclid=IwAR1GYv7bwOMPzso1tPRkdB3IQbiOHOk0wkX

 

 

Comentários

  1. Parabéns Luiz por nos proporcionar tantas informações preciosas e trazer à tona assuntos pouco abordados. Resalto aqui a beleza do relevo no sino da igreja da Santissima Trindade de Tiradentes.

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    1. Muito obrigado; o relevo do sino do Santuário da Santíssima Trindade é um dos mais bonitos que conheço. Abraço

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  2. Belo texto, como sempre! Me lembro do Gabriel, menino... Parabéns pra vocês dois!

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  3. Belíissimo trabalho, Luiz e de parabéns também Gabriel Leite. Somente existe uma possiblidade de manter viva a história e os saberes: escrevendo, esculpindo, gravando, pintando etc.O simples falar, contar ou cantar se perde na memória das gentes com o passar dos anos ou se deturpam pela mesma razão. Parabéns por este registro.

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    1. Muito obrigado. O trabalho do Gabriel Leite é show, ele é muito talentoso em tudo que faz.

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  4. Sempre aprendendo com você.
    Obrigada por compartilhar

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  5. Parabéns pelo belo trabalho Gabriel Leite e Luiz Cruz. Fazer parte da história e da memória dessa cidade em que escolhemos viver e amar, não tem preço. Muito emocionante! Gratidão sempre!

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    1. Obrigado! Nossa terrinha é linda e temos excelentes artistas aqui vivendo e produzindo. É necessário divulgar o trabalho deles. Abraço

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