O CORPO DE DEUS EM
SÃO PAULO
No dia 16 de junho
de 2022, Dia de Corpus Christi, caminhei cedo pelas ruas paulistas. O dia
amanhecia com luminosidade intensa e bastante frio. Câmara em punho para
registrar aspectos diversos da maior metrópole da América da Sul. São Paulo e
seus paradoxos, a cidade que abriga tanta riqueza e ao mesmo tempo tanta
miséria. Agora, dizem que já ultrapassam 35 mil moradores de rua – homens,
mulheres, jovens, adolescentes, idosos e crianças. Fome e frio são os seus
tormentos. Concidadãos da invisibilidade da política nacional – do desgoverno.
Fiz muitas fotos. Várias pessoas, inclusive militares, aproximaram de mim e
disseram: – cuidado com essa câmara! Tentei ficar atento, mesmo sob forte
impacto de tudo que via e registrava. Cheguei à Praça da Sé para participar da
Santa Missa e da Procissão de Corpus Christi. Inúmeros acólitos de um lado da
praça e uma multidão de moradores de rua do outro lado. Até que chegou o Chef
Murruga e mudou aquela paisagem. Ele abriu seu carro e começou a distribuir
comida. Imediatamente, lembrei-me do Padre Júlio Lancellotti, que sempre diz
que os moradores de rua gostam de se organizar; claro, logo fizeram uma fila
interminável. Murruga promoveu a multiplicação dos pães, a fila não terminava e
nem as marmitas. Troquei um rápido dedo de proza com ele, para não atrapalhar
sua ação e me disse que faz esse trabalho social com orgulho. Não é para menos,
no dia de Corpus Christi ele foi a grande diferença naquela praça onde muitos sobrevivem
na desesperança. Uma multidão de concidadãos desvalidos, mas como São Paulo é a
metrópole da solidariedade, os Murrugas da Vida aquecem o estômago, o coração e
a alma dessa gente.
Após a Missa, iniciou-se a Procissão de Corpus Christi, o
cardeal Dom Odilo Sherer (1949) percorreu as ruas com a custódia e a Hóstia
Consagrada. Centenas de religiosos e milhares de fieis acompanharam o cortejo.
Em frente ao Mosteiro de São Bento realizou-se a primeira parada. Dom Scherer
agradeceu a participação de todos, pediu pelo Brasil, pelas vítimas da
Covid-19, pela Ciência, por uma São Paulo menos violenta e sem armas. Agradeceu
a acolhida dos monges beneditinos. A procissão cruzou o Viaduto do Chá e chegou
à Igreja de Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e Santa Ifigênia, onde teve
encerramento. Essa foi a celebração mais comovente que já participei, aquela
multidão a caminhar, a rezar com tanta força e a impactante presença da
Pastoral do Povo da Rua. Tudo ganhou expressividade. Ao final, vi o quanto Dom
Sherer é querido pela comunidade, ao receber tantos fieis e dar-lhes atenção.
Acompanhei tudo de longe e as vezes de muito perto. Até me apresentei a Dom
Sherer e o cumprimentei. Esse Corpus Christi foi uma demonstração de fé, de religiosidade,
mas sobretudo de humanidade.
Quem tiver oportunidade, não deixe de prestigiar o Buteco do Murruga -
Av. Mascote, 57 -
Vila Mascote, São Paulo – vá saborear os petiscos mistos à moda da casa,
delícias que ele prepara. Você pode ainda ser um colaborador da CASA DE ORAÇÃO
POVO DA RUA.
Esplêndido!! Mais uma vez arrasando como sempre nas postagens.
ResponderExcluirMuito obrigado. Breve teremos nova publicação. Acompanhe, abraço
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