BAOBÁ: A ÁRVORE SAGRADA DE TIRADENTES


               

Boabá de Tiradentes, plantado em 1992. Largo da Rodoviária. Foto: Luiz Cruz.


No mês julho se completa trinta anos do plantio do BAOBÁ em Tiradentes. Naquela época a cidade se projetava como um dos mais avançados núcleos a tratar das questões ambientais, com diversos projetos desenvolvidos pela SAT-Sociedade Amigos de Tiradentes, IHGT-Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes e Escola Estadual Basílio da Gama. O principal tema dos projetos era a proteção da Serra de São José e sua biodiversidade.

                                                

Crachá para acesso à Conferência "Rio 92". Foto: Luiz Cruz.


Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro o Fórum Global – The 92’ Global Forum, com a participação de representantes de diversos países para tratar dos problemas ambientais globais. Enquanto no Aterro do Flamengo aconteceu a “Rio 92”, a conferência das organizações não governamentais e lideranças mundiais para discutir e apresentar propostas para as questões ambientais. Nesse período, o Rio de Janeiro concentrou todas as atenções dos especialistas e o Brasil se firmava como o país que poderia contribuir para traçar e percorrer trilhas de soluções para os grandes impactos sobre o planeta Terra.


  

           

Flor, fruto e folhas do Baobá. Fotos: Luiz Cruz.


A convite da Conservation International, lá estive a representar Tiradentes, pude acompanhar os acontecimentos sobre o Meio Ambiente, além de aproveitar os eventos culturais realizados paralelamente. Hahan... Tiradentes já esteve na vanguarda da problemática ambiental e conseguiu se destacar juntamente com o melhor daquele período. A cidade foi reconhecida e ganhou um presente, a muda de BAOBÁ, oferecida pela Fundação SOS Mata Atlântica, então presidida pelo arquiteto José Pedro de Oliveira Costa. A muda chegou e foi plantada no Alto de São Francisco, pela equipe da Prefeitura, coordenada pelo Zé da Nica. Acompanhamos o plantio e o seu crescimento. Como reagiu pouco na parte alta do morro, teve remoção para o Largo do Rodoviária, onde se encontra até hoje e com bom desenvolvimento.


                

Obra de  Michel Adanson e gravura com detalhes da flor do Baobá, 1763. Fotos: Luiz Cruz.


Afinal, – o que significa essa árvore? – Ela é do gênero Adansonia, que agrupa nove espécies descritas, a partir de 1605; o principal estudioso dessa árvore foi o naturalista e botânico francês Michel Adanson (1727-1806) que organizou expedições para conhecer a natureza e, posteriormente, em 1763, publicou um sistema (fitotáxico) para descrever e classificar plantas, o qual se opunha ao do suéco Carolus Linnaeus. BAOBÁ é uma planta típica das regiões tropicais áridas e semiáridas, com distribuição na África, Oriente Médio e Austrália. É a árvore símbolo de Madagascar e o emblema nacional do Senegal. Na África do Sul já identificaram exemplares com mais de 1250 anos. Ou seja, trata-se de espécie que pode sobreviver por séculos, mas se encontra em risco de extinção, pelas ameaças aos seus habitats naturais. Alcança altura de cerca de 30m, que poucas árvores conseguem e é conhecida também por “embondeiro”, “imbondeiro” e “calabaceira”. Seu tronco é largo, a casca lisa e absorve grande quantidade de água, exatamente para resistir a períodos longos de seca. As folhas são lustrosas e de verde intenso. A flor é branca, exuberante e atrai diversidade de insetos para sua polinização. O fruto é conhecido como “mucua”, no tom verde claro, alongado, leve e com polpa branca – trata-se de uma cápsula seca, que se desidrata naturalmente após a maturação; não é consumido in natura. Após a secagem total, se reduz a pó para o uso como alimento em tempos de escassez de comida. É rico em cálcio, ferro, potássio, vitamina C e usado para o tratamento da malária. Também possui qualidades antisséptica, antibacteriana e retardadora do envelhecimento.


                        

Tronco do Baobá do Largo da Rodoviária, Tiradentes. Foto: Luiz Cruz.


Árvore sagrada, o BAOBÁ é tido como vínculo entre os territórios da vida e da morte e está associado aos princípios do universo feminino da fecundação. Por isso, é também chamado de “Árvore do Mundo”, “Árvore Cósmica” e “Axis Mundi” – (em latim: centro do mundo ou pilar do mundo).


https://www.geledes.org.br/baoba-arvore-simbolo-das-culturas-africanas/

https://www.britannica.com/biography/Michel-Adanson

 

Comentários

  1. Cuidemos do nosso baobá q é uma preciosidade. Parabéns pela pesquisa Luiz! Sempre quis saber mais sobre os baobás.

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    1. Apesar de aparecer aqui como anônimo, este comentário de Glaucia Buratto é bem vindo. A partir do conhecimento, as pessoas compreenderão a importância da árvore. O Baobá é uma belíssima árvore e que precisa ser preservada. Abraço

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  2. Esse Baobá é uma preciosidade! Temos que ter todo cuidado e é preciso divulgar a sua existência, nas escolas. O Zé da Nica se enche de orgulho quando conta que foi ele que plantou... Bela matéria! Abraços da Thelma

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    1. Thelma, esse é um presente VIVO que Tiradentes ganhou por suas atividades em defesa do Meio Ambiente. O Zé da Nica e sua equipe cuidaram do exemplar até que ele ficasse mais robusto - a eles nossa gratidão. Esse apoio foi elementar para que o Baobá conseguisse resistir às intempéries e a incompreensão. Essa árvore está em risco de extinção.

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