TIRADENTES – JULHO DE 2022

        

Capitão Anderson fazendo oração junto ao tronco do Baobá. Foto: Luiz Cruz.

Não poderia ter evento melhor para encerrar a programação cultural do mês com o “Poente Cultural” do Circuito Cultural UFMG, que promoveu o cortejo do Congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, além do “Encontro Reinados e Honrarias” – com os convidados Mestre Dirceu Ferreira Sérgio, Capitão Prego e Maria José Boaventura, numa iniciativa do Campus Cultural UFMG Tiradentes.

Cortejo do Congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia. Foto: Luiz Cruz.

Dirceu é capitão da Guarda de Moçambique da Irmandade do Quilombo Nossa Senhora do Rosário, de Justinópolis-MG; ele vem de longa jornada de mais de 130 anos de luta pela defesa do Quilombo e da cultura afro-brasileira. Em 2021, foi lhe concedido o título de Notório Saber, pela UFMG, o qual se equivale ao grau de Doutor. Na tarde ensolarada do 30 de julho, tivemos muito mais que uma fala, Mestre Dirceu proferiu uma autêntica “Aula Magna”, sobre o Quilombo e o Povo Preto. Melhor ter ouvido desse capitão foi que a Educação Patrimonial pode ser o instrumento para ampliar o conhecimento das comunidades. Que é necessário “aprender a aprender”, que “quem não sabe aprender, não sabe ensinar”, que “quem não gosta de aprender, não gosta de ensinar”. Uma reflexão tão cristalina e tão necessária para esses tempos em que mentes obscuras vociferam pelo Brasil afora.


Mestre Dirceu, do Quilombo Nossa Senhora do Rosário, de Justinópolis-MG. Fotos: Luiz Cruz.

Mestre Prego enfatizou a grande dificuldade em mobilizar o pessoal do Congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, porque os componentes precisam trabalhar e nos serviços turísticos. Destacou que após seu terno ter sido vítima de preconceito estrutural, por parte da Santa Madre Igreja Católica, tudo ficou mais complexo. Porém, colocou que enquanto estiver com saúde, quer manter sua devoção/culto à Senhora do Rosário e divulgar a cultura do povo preto.

Maria José Boaventura falou sobre o projeto “Recontando o Rosário”, que originou a criação do Congado de São Benedito e os desafios para se colocar um terno na rua. Enfatizou que é necessário a união e que todos somos descendentes da Mãe África.

Maria José Boaventura, Capitão Prego e Mestre Dirceu, “Encontro Reinados e Honrarias”, jardim do Sobrado Quatro Cantos. Fotos: Luiz Cruz.

Foi servido um café a todos presentes, com pão de queijo, quitandas e um queijo delicioso. Em seguida, os participantes se deslocaram para o Largo da Rodoviária, para homenagear o BAOBÁ – a árvore sagrada que completou 30 anos. Ao som dos tambores, o Capitão Anderson, de Divinópolis, também convidado, fez uma oração e logo o grupo deu um abraço no tronco do Baobá.

Oração e abraço no Baobá de Tiradentes, Largo da Rodoviária. Fotos: Luiz Cruz.

Enfim, encerramos o mês de julho a destacar a cultura afro-brasileira, o “Encontro Reinados e Honrarias” aconteceu num bom momento e é bom relembrar sempre que todos somos descendentes da Mãe África.

 

Baobá de Tiradentes, Largo da Rodoviária. Foto: Luiz Cruz.


Comentários

  1. Excelente registro de um dia muito bonito de importantes celebrações. Parabéns, Luiz!

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    1. Muito obrigado Guta, foi uma tarde memorável de celebrações e aprendizado. Grato por sua presença aqui e também por seus registros. Abraço

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