BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE TIRADENTES – UMA HISTÓRIA DE SUCESSO

        

Bombeiros Voluntários de Tiradentes - Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida - celebração do 20º aniversário da SCBVT.

13 de agosto de 1992 – nesta data, em assembleia realizada na Prefeitura de Tiradentes, na Secretaria de Cultura e Turismo, foi criada a BRIGADA DE COMBATE A INCÊNDIOS DE TIRADENTES. Logo, o grupo pioneiro recebeu os primeiros equipamentos fornecidos pela SAT – Sociedade Amigos de Tiradentes, então presidida por John Francis Parsons.

     

Brigada de Combate a Incêndios de Tiradentes, criada em 1992.

O pequeno grupo se fortaleceu e buscou apoio técnico junto ao Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Os treinamentos iniciais ocorreram sob orientação do comandante dos Bombeiros Militares de Barbacena; depois, todos treinamentos passaram a ser ministrados por bombeiros do 1º BBM, de Belo Horizonte. Através de pequenos projetos, a BRIGADA conseguiu adquirir mais equipamentos e uniformes. Com os recursos do PNMA – Programa Nacional de Meio Ambiente, do antigo IBAMA, foi possível idealizar uma sede para abrigar os brigadistas e seus equipamentos. Um terreno foi doado pela Câmara e Prefeitura para a edificação dessa sede. A orientação para a elaboração do projeto arquitetônico foi concedida pelos Bombeiros Militares, mas a seguir as “Normas” do IPHAN. Antes mesmo da inauguração da sede, o PNMA liberou recursos para a aquisição do primeiro veículo, uma caminhonete F1000, mais mobiliário e outros equipamentos necessários. Com a consolidação do grupo e sob orientação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, ocorreu a mudança da denominação, de BRIGADA para SCBVT - Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários, uma vez que na ocasião, Minas contava com 853 municípios e menos de 50 eram dotados pelos serviços de “bombeiros”, a solução seria o incentivo à criação dos “voluntários”.

Momentos diversos da SCBVT - muitas conquistas e muitos trabalhos reealizados.

A denominação “brigada” ou “bombeiro” para o grupo de Tiradentes era o que menos importava. Os brigadistas/voluntários tinham mesmo era orgulho do trabalho que realizavam. O símbolo da instituição era formado por três estrelas, a significar os principais aspectos defendidos: Patrimônio Cultural, Patrimônio Ambiental e Patrimônio Humano. Para executar esses propósitos, os voluntários contaram com o apoio das autoridades municipais, da comunidade, de muitos admiradores e principalmente dos artistas, que doaram obras para leilões de arte e os recursos obtidos ajudaram na manutenção dos serviços prestados. Passaram a realizar campanhas de prevenção, de Educação Patrimonial e Educação Ambiental, com palestras e exposições nos cinco municípios do entorno da Serra de São José. Com o apoio da Copasa, conseguiram instalar 24 hidrantes para a proteção das edificações do núcleo tombado, mas também dos moradores que passaram a viver nos bairros do entorno.

Bombeiros Voluntários de Tiradentes e os momentos dramáticos em defesa do Patrimônio Ambiental.

Com demanda crescente, os voluntários atuaram em quase todos eventos locais, desde o tradicionalíssimo Jubileu da Santíssima Trindade até o Festival de Gastronomia. Para esse atendimento, montou a Unidade Móvel Yves Alves, patrocinada por Dona Dalma Fernandes Ferreira. Promoveu a retomada da campanha Pelo Tombamento Federal da Serra de São José, com diversas atividades culturais, de lazer e recreação. Esteve presente em momentos dramáticos da vida cotidiana dos cidadãos, seja com as enchentes, desmoronamentos, acidentes diversos e nos casos de incêndios.

                                 

A retomada da campanha "Pelo Tombamento Federal da Serra de São José" - iniciado em 1979 e inconcluso até o presente. 

Os voluntários conquistaram a confiança das comunidades e se tornaram referência em ações de comprometimento e de cidadania. Pela instituição passaram muitas pessoas, homens e mulheres, e a cada um, a cidade de Tiradentes deveria ser grata eternamente, porque dedicaram muito em defesa da VIDA, em suas atuações. Perdemos três voluntários admiráveis e queridos: Zé Traíra, Ariadne e Eros Conceição, que sempre foram referenciados como “bravos guerreiros da defesa do nosso patrimônio”.

Educação Ambiental e Patrimônial - um processo que nunca deveria ser interrompido. 

Os voluntários foram convidados para proferir palestras em diversas cidades da região Sudeste, sempre a incentivar o trabalho em defesa do Meio Ambiente, especialmente da biodiversidade e do patrimônio cultural. Receberam reconhecimento nacional com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo IPHAN / Ministério da Cultura. A primeira vez que recebeu esse prêmio foi na Categoria de Educação Patrimonial, entregue em cerimônia ocorrida no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro; na segunda, foi na Categoria Unidade de Conservação, pelo trabalho em defesa da Serra de São José, recebido em cerimônia no Teatro Nacional, em Brasília, com a presença do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e grande plateia.

A SCBVT recebeu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, Teatro Nacional, Brasília.

Enfim, quando os voluntários completaram a primeira década ocorreu comemoração, o mesmo na segunda década e ainda nos 25 anos de sua criação. Os voluntários tiveram a sorte de poder contar com o apoio do Padre José Nacif Nicolau, que em diversos momentos esteve na sede, seja nas confraternizações natalinas ou nas caminhadas em defesa do Meio Ambiente, sempre a levar a “Palavra de Deus” e a incentivar as ações em defesa do planeta Terra, a casa de todos. 

A SCBVT na defesa do Patrimônio Ambiental - Caminhada na Serra de São José e "Palavra de Deus" com o Padre José Nacif Nicolau.

A SCBVT se orgulha de sua história, se orgulha do povo de Tiradentes e das diversas campanhas realizadas. 

Nos últimos anos os voluntários passaram por momentos atípicos. Sua sede acabou por abrigar a formação de “bombeiro civil” e ocorreu estreita aproximação ao “militarismo”; claro que se deve acrescentar os momentos críticos da necropolítica implantada pelo atual desgoverno, associados ainda à pífia gestão do atual governo de Minas. Agora, vamos lá, caro leitor, – você acredita que o ocupante do principal cargo político mineiro não sabia o que é Fundação Ezequiel Dias – uma das mais importantes instituições de pesquisa do país? Seria demais achar que ele poderia ter noção do que é um grupo de “Bombeiros Voluntários”, abnegados a se dedicar à defesa da VIDA!

                   

Uma vez bombeiro voluntário, para sempre bombeiro - nossas celebrações foram memoráveis.

A Portaria Nº 49, de 02 de julho de 2020, do Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais que “Dispõe sobre a criação, manutenção e credenciamento da Brigada Municipal”, proibiu o uso de “bombeiro”. Desde então, caso ocorresse atuação da SCBVT, seria multada pelos Bombeiros Militares. Em consequência da referida portaria, os voluntários acabaram desarticulados e a sede ficou praticamente abandonada.

Com uma história gloriosa e reconhecida nacionalmente, o ideal teria sido a convocação de uma assembleia geral, inclusive com a participação dos sócios-fundadores, e colocar um ponto final nessa trajetória, com dignidade. Pelos estatutos, a SCBVT ao ser extinta, a sede, equipamentos, veículos, mobiliário e arquivo passariam imediatamente para o “patrimônio” da Prefeitura de Tiradentes.

Em iniciativa municipal, realizaram obras para a adequação da sede da SCBVT, inclusive receber o caminhão auto-bomba novo, adquirido em parceria entre o BNDES e o Governo de Minas, abrigar o SAMU e a Defesa Civil. Em sua sede própria, devidamente registrada em cartório, o voluntário precisará de muita abnegação, uma vez que os demais instalados em seus espaços realizam trabalhos similares, porém, remunerados, com todos os direitos trabalhistas assegurados e inclusive o descanso.

Como diz o poema de Drummond: – E agora, José? / A festa acabou, / a luz apagou, o povo sumiu / a noite esfriou, e agora, José? [...]. E agora, que se completam 30 anos de história da SCBVT – que tem sua sede própria, com tudo que precisa atuar, conquistado com esforços imensuráveis; mas também com vasta história para contar? – Então, José, comemorar é preciso. Viva a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Tiradentes, viva o 13 de agosto! Lembre-se sempre: 13 é o número da sorte, 13 é o número da esperança!

Momentos diversos de uma longa história de dedicação à VIDA - tudo pelo Patrimônio Cultural, Patrimônio Ambiental e Patrimônio Humano. Celebrar é preciso!!!

http://virusdaarte.net/corpo-de-bombeiros-voluntarios-25-anos/

Comentários

  1. 👏🏼👏🏼👏🏼 e agradecimentos para todos os voluntários que tanto fizeram por Tiradentes. Que lástima perdermos esse legado😓

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    1. Obrigado pela presença aqui Guta. A SCBVT trilhou caminhos de muitos desafios, mas construiu um história fabulosa, da qual Tiradentes e Minas devem se orgulhar. Receba meu abraço

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  2. Viva a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Tiradentes!
    Viva o 13 de agosto!
    E lembre-se: 13 é o número da sorte, 13 é o número da esperança!
    Comemorar é preciso!
    Obrigada a todos os voluntário!
    Um abraço da Thelma...

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  3. Lastimavel essa decisao das "autoridades".vamos aguardar por novos ares no pais!

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    1. Realmente, lastimável o que vem ocorrendo com esse Brasil tão rico e tão pobre ao mesmo tempo. Resistir é preciso. Vamos manter a FÉ e acreditar que os tempos de obscuridades passarão. A história da SCBVT é linda e deve ser motivo de orgulho. Abraço

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  4. Vivam esses bombeiros voluntários! Isso é q é compromisso social como exemplo às desconstruçoes sociais que vemos. Parabens, Luiz!

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    1. Glaucia, os Bombeiros Voluntários realizaram diversos trabalhos e realmente espelharam acentuado compromisso social com a comunidade. Dificilmente um projeto alcançará tal resultado, pois as atividades de combate a incêndio florestal, por exemplo, exigem esforços e muito preparo. Obrigado por sua presença aqui e meu abraço

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